"As cenas entre Glória Pires e Tony Ramos são comoventes"

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Sílvio de Abreu, AUTOR DE 'BELÍSSIMA'

Como surgiu a ideia de escrever a novela Belíssima?

A ideia de fazer Belíssima veio, primeiro, da observação de que vivemos numa sociedade comandada por aparências, onde a ditadura de uma beleza imposta e idealizada atormenta todos. A novela vai levantar questões como o universo da beleza, da obrigação que todos sentimos hoje em dia de colocar a aparência à frente de tudo. O mito da beleza idealizada oprime todos e a novela vai falar sobre isso, sem ser uma tese académica sobre o tema.

Quando começou a escrever Belíssima, já pensava na escolha do elenco?

Desde que comecei a escrever a sinopse, em 2003, já sabia quem queria escolher para a novela. Gosto de trabalhar sabendo para quem estou escrevendo. Para mim, um personagem tem que ter uma cara definitiva, um jeito e uma voz. Por isso, antes de escrever os capítulos, imagino a cena, onde se passa, os personagens, a luz, o cenário, etc. A partir da escolha dos actores é que vou formando uma história. A minha maneira de raciocinar é muito mais cinematográfica do que literária. As palavras servem para expressar a imagem que quero passar para o público.

Tony Ramos e Glória Pires contracenam juntos pela primeira vez numa novela. A escolha foi propositada?

Desde o início da sinopse pensei numa maneira de juntar Glória Pires e Tony Ramos, que são excelentes actores, se admiram mutuamente e nunca haviam trabalhado juntos. O meu desejo de trabalhar pela primeira vez com Glória também contou muito, aliado à vontade dela de que isto se concretizasse. Fiz Júlia Assumpção para ela e não conseguiria ver outra actriz neste papel. O grego Nikos também surgiu para o talento de Tony Ramos. E, pelo que tenho assistido das cenas já gravadas, os dois já deveriam ter-se encontrado no vídeo há muito tempo, pois são comoventes juntos.

Em Rainha da Sucata, António Fagundes interpretou pela primeira vez um personagem cómico em novelas. Em Belíssima, o público vai surpreender-se com algum actor?

Gosto de colocar actores em papéis que nunca fizeram antes. Em Belíssima, Reynaldo Gianecchini vai interpretar um personagem que é justamente o oposto de tudo que o actor é. O borracheiro Pascoal é um homem rude, sem vergonha, só fala em gíria e pronuncia as palavras incorrectamente, ao contrário do Reynaldo Gianecchini, que é uma pessoa elegante, educada e gentil.

Belíssima é uma novela sobre o mundo da moda?

A novela não será sobre o universo da moda. Vou abordar os valores da beleza na sociedade em geral, onde a superficialidade é inevitável, porque é cada vez mais irrelevante o que está atrás da aparência. A profissão de modelo não será o âmago da trama principal; em Belíssima é só mais um dado que será mostrado através do núcleo da agência de modelos Razzel-Dazzel, comandada por Rebeca (Carolina Ferraz).

O que motivou a criação de um núcleo na Grécia?

São muitos os motivos. Primeiro, porque as paisagens são deslumbrantes, o povo é alegre e comunicativo e a cultura é uma das mais importantes do mundo. Além do visual, existe também a ligação entre a trama e o local. O grego é muito passional. Se estou fazendo uma novela sobre o mito da beleza, tenho que informar que foi lá, na Grécia, que nasceu este mito através de Afrodite e Apolo. Se falarmos de dramaturgia, tudo começou lá, tanto a tragédia quanto a comédia. E também é importante ressaltar que a Grécia nunca havia aparecido como cenário em nenhuma novela da TV Globo e será uma novidade para o público.

Como é trabalhar novamente com a directora Denise Saraceni?

É um grande estímulo. Ela é dedicada, talentosa, amiga, presente, interessada.

Nota Esta entrevista foi realizada pelo gabinete de imprensa da Globo

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